Culturas tradicionais no seminário dos Palmares

Evento reúne lideranças quilombolas e indígenas e representantes governamentais

Rio de Janeiro – O seminário ‘Quilombos, Terreiros, Juventude: justiça ambiental e práticas culturais africanas e afrodescendentes’ realizado hoje (16), no Galpão da Cidadania, com a presença de lideranças quilombolas e representantes governamentais, incluiu na pauta das discussões as questões indígenas e abriu espaço para que suas lideranças participassem do debate, ampliando a abrangência do evento.

O presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira, e o ministro-chefe da Divisão de Temas Sociais do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Silvio Albuquerque, compuseram a mesa ao lado das lideranças dos movimentos sociais, pesquisadores e demais membros de órgãos estatais.

A secretária de Cidadania e Diversidade Cultural, Márcia Rollemberg, e o secretário de Políticas Culturais, Sérgio Mamberti, do Ministério da Cultura (MinC), acompanharam e participaram das discussões ao lado do público, no auditório. O evento teve transmissão ao vivo via internet.

O seminário como objetivo discutir a inserção das práticas culturais africanas e afrodescendentes, indígenas e de juventude no movimento global por justiça ambiental, e elaborar uma carta afirmando a necessidade de que as políticas ambientais sejam também políticas de inclusão, respeitando a cultura negra, a cultura indígena e as culturas tradicionais e populares.

Segundo o assessor de Relações Internacionais da Palmares, Daniel Brasil, essa carta fará parte do documento que será enviado, pelo Ministério da Cultura, ao secretariado geral da conferência Rio+20 como contribuição dos organismos culturais à conferencia.

O presidente da Palmares enfatizou a importância dos quilombolas para a preservação ambiental e a necessidade de que as comunidades tenham seus direitos reconhecidos.“Não é apenas um debate da comunidade negra ou da comunidade indígena, é um debate de toda a nação”.

“Não não conheço comunidade quilombola que esteja ligada à devastação, à grilagem de terras, à ocupação indevida, ou que tenha ofendido ao meio ambiente”, ressaltou Eloi Ferreira.

Maria Rosalina dos Santos, representando as comunidades quilombolas do Piauí, citou a Constituição brasileira para reafirmar o direito dos quilombolas às terras que ocupam secularmente e o papel que desempenham na preservação do meio ambiente. “Nossa luta é em defesa da vida do povo quilombola e da vida do planeta”.

A representante do Conselho Indígena de Roraima, Joenia Wapichana, índia e advogada militante das causas de seu povo também participou da mesa. Na plateia, lideranças indígenas presentes ao debate falaram dos preconceitos que sofrem nas cidades e da dificuldade que enfrentam em uma sociedade que não respeita a cultura indígena e os considera invasores em suas próprias terras.

“Temos que inovar nos meios e nas formas de escuta das comunidades. Os Pontos de Cultura podem e estão contribuindo nesse processo. Estamos implementando 79 Pontos de Cultura Indígenas em parceria com organizações da sociedade civil”, lembrou Márcia Rollemberg.

A carta tratando das questões das comunidades quilombolas e indígenas, discutida no seminário, será colocada no site da Palmares (www.palmares.gov.br) até segunda-feira (18), e ficará disponível para consulta e contribuições até o encerramento da Rio+20, no dia 22 de junho.

Veja, aqui, trechos do seminário.