POR: Pedro Osmar (Tatu)
Diante das repercussões sobre a
morte de um aluno de escola pública de Planaltina em plena aula de
Educação Física, senti, enquanto professor desta área, a necessidade de
dar meu posicionamento sobre o caso.
O primeiro ponto refere-se ao
tratamento que a mídia e alguns setores da sociedade (oportunistas),
como o Sistema CREF/CONFEF, que insistem na busca de um culpado,
resultando em um profundo desrespeito à dor da família, a situação da
professora, dos alunos adolescentes e dos gestores da escola. A
professora e a escola foram condenadas pela “opinião pública” sem que os
fatos, que merecem um tratamento mais cuidadoso, tivessem sido
apurados. Sendo assim, apontar culpados, antes de analisar o fato é
leviano.
Como segundo ponto, gostaria de
destacar a relevância de se entender a Educação Física escolar como
componente curricular obrigatório de toda Educação Básica, difere-se de
espaços de intervenções que tem como objetivo o alto rendimento, que
exige esforço físico que justifique a prática da atividade física
condicionado a um diagnóstico médico, mais comumente materializado e
conhecido como o atestado médico. Esse mito, de se ver a escola como
espaço-tempo de formação de atletas sob a ótica do paradigma da aptidão
física e do alto rendimento, arraigado no senso comum, impedem uma
compreensão mais ampla, crítica e contextualizada de uma disciplina que
compreende os elementos da cultura corporal (ginástica, lutas, dança,
jogos e esporte) como conteúdos/conhecimentos sistematizados e
historicamente construídos pela humanidade pela qual se cumpre a função
social da escola na apropriação crítica desses conhecimentos. A
superação desse paradigma permite vislumbrar uma Educação Física
presente na escola, para além do movimento pelo movimento, mas como
práticas construtoras de sentidos e significados para a vida cotidiana e
concreta de cada educando. O PAR-Q, por exemplo, é um teste simples,
prático e objetivo, que por meio de algumas perguntas “filtra” mais de
90% dos casos que realmente precisam passar por uma perícia médica para o
diagnóstico de alguma possível limitação.
Neste sentido, é incabível pensar na
desobrigação ou dispensa das aulas de educação Física para
“cardiopatas”, surdos, mulheres, deficientes físicos, negros, idosos,
deficientes intelectuais, “gordinhos”, “pernas-de-pau”, homossexuais
etc. A diversidade e heterogeneidade são o reflexo concreto da
sociedade. A habilidade de trabalhar estabelecendo os limites de cada um
é o exercício a ser perseguido na prática educativa e de formação.
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